quarta-feira, 18 de setembro de 2013

CRÔNICAS

A Sociedade 


— Filha minha não casa com filho de carcamano!
A esposa do Conselheiro José Bonifácio de Matos e Arruda disse isso e foi brigar com o italiano das batatas.
Teresa Rita misturou lágrimas com gemidos e entrou no seu quarto batendo a porta. O Conselheiro José Bonifácio limpou as unhas com o palito, suspirou e saiu de casa abotoando o fraque.
O esperado grito do cláxon fechou o livro de Henri Ardel e trouxe Teresa Rita do escritório para o terraço.
O Lancia passou como quem não quer. Quase parando.
A mão enluvada cumprimentou com o chapéu Borsalino.
Uiiiiia-uiiiiia! Adriano Meli calcou o acelerador. Na primeira esquina fez a curva. Veio voltando. Passou de novo. Continuou. Mais duzentos metros. Outra curva. Sempre na mesma rua. Gostava dela. Era a Rua da Liberdade. Pouco antes do número 259-C sabe: uiiiiia-uiiiiia!
— O que você está fazendo aí no terraço, menina?
— Então nem tomar um pouco de ar eu posso mais?
Lancia Lambda, vermelhinho, resplendente, pompeando na rua. Vestido de Camilo, verde, grudado à pele, serpejando no terraço.
— Entre já para dentro ou eu falo com seu pai quando ele chegar!
— Ah meu Deus, meu Deus, que vida, meu Deus!
Adriano Melli passou outras vezes ainda. Estranhou. Desapontou. Tocou para a Avenida Paulista.
Na orquestra o negro de casaco vermelho afastava o saxofone da beiçorra para gritar:
Dizem que Cristo nasceu em Belém…
Porque os pais não a haviam acompanhado (abençoado furúnculo inflamou o pescoço do Conselheiro José Bonifácio) ela estava achando um suco aquela vesperal do Paulistano. O namorado ainda mais.
Os pares dançarinos maxixavam colados. No meio do salão eram um bolo tremelicante. Dentro do círculo palerma de mamãs, moças feitas e moços enjoados. A orquestra preta tonitroava. Alegria de vozes e sons. Palmas contentes prolongaram o maxixe. O banjo é que ritmava os passos.
— Sua mãe me fez ontem uma desfeita na cidade.
— Não!
— Como não? Sim senhora. Virou a cara quando me viu.
… mas a história se enganou!
As meninas de ancas salientes riam porque os rapazes contavam episódios de farra muito engraçados. O professor da Faculdade de Direito citava Rui Barbosa para um sujeitinho de óculos. Sob a vaia do saxofone: turururu-turururum!
— Meu pai quer fazer um negócio com o seu.

— Ah sim?
Cristo nasceu na Bahia, meu bem…
O sujeitinho de óculos começou a recitar Gustave Le Bon mas a destra espalmada do catedrático o engasgou. Alegria de vozes e sons.
… e o baiano criou!
— Olhe aqui, Bonifácio: se esse carcamano vem pedir a mão da Teresa para o filho, você aponte o olho da rua para ele, compreendeu?
— Já sei, mulher, já sei.

A Eloqüência e o Brasileiro


A eloqüência marca Sloper que nos desgraça é com certeza resultado da preocupação de fazer literatura a muque. Entre nós quase toda a gente pensa que literatura é arrevezamento, ginástica verbal, ilusionismo imaginoso, hipérbole sublime. E devido a isso mesmo há no Brasil muitos cavalheiros que falam mas poucos que dizem. Falam até debaixo d’água. Não dizem coisa nenhuma. De tal forma que hoje em dia o conceito de literatura é até pejorativo.
— Não presta para nada esse artigo. É só literatura.
Aí está. A culpa é inteirinha dos que a ela se dedicam, banalizando-a, pondo-a ao alcance de toda a gente, com o objetivo de embasbacar até um limpador de trilhos da Light.
* * *
Aliás para ser franco, ninguém se diverte mais do que eu com as asneiras dengues e sonoras dos oradores de minha terra. Sou leitor fanático dos apanhados jornalísticos das sessões no nosso Congresso, na nossa Câmara Municipal, das excursões políticas, das reuniões de agricultores, comerciantes e homens de letras, de todas as assembléias, de todas as festanças e comemorações discursadas.
Leitura ainda mais hilariante que a dos livros de Jerome K. Jerome. Nem se compara.
Entre os nossos vereadores e parlamentares, principalmente, há cada campeão em matéria de retórica edição Quaresma da gente ficar de boca aberta. Até entrar mosca. É verdade.
Pessoal danado para dizer bobagem com ênfase. Nunca vi. A idéia vem sempre vestida de cores escandalosas, amarrada com laçarotes de penteado de negra, toda arranjadinha para dar bem na vista.
Todos os discursos têm um trechinho imutável que eu não me canso de saborear. É quando o orador alude humildemente à miséria cearense dos seus dotes oratórios.
É assim:
O Sr. Sesostris da Cunha — Embora reconheça, Sr. presidente, que minha desautorizada voz, tão desafeita à tribuna, vem quebrar a harmonia (não apoiados gerais).
O Sr. Amazonas Neto — V.ex. é um belo orador. Todos nós o ouvimos sempre com imenso prazer (apoiados gerais).
O Sr. Sesostris da Cunha — Muito obrigado a v. ex. Como ia dizendo, Sr. presidente, sem embargo…
Delicioso. E fatal. Mas, sobretudo, delicioso.
* * *
Eu sei que estou sendo irritante. Paciência. Sei perfeitamente que nesta terra o que eu estou fazendo se chama falar mal. Paciência. É sempre melhor do que falar bem. Compreendam-me.
João Filipe, que foi ministro de Floriano e hoje é professor jubilado da Politécnica do Rio, velhinho moço de sarcasmo estupendo, desabafou certa vez comigo:
— Eles são bestas e não querem que a gente tome nota.
Eu tomo, sim.


CONTOS

Carmela 


Dezoito horas e meia. Nem mais um minuto porque a madama respeita as horas de trabalho. Carmela sai da oficina. Bianca vem ao seu lado.
A Rua Barão de Itapetininga é um depósito sarapintado de automóveis gritadores. As casas de modas (AO CHIC PARISIENSE, SÃO PAULO-PARIS, PARIS ELEGANTE) despejam nas calçadas as costureirinhas que riem, falam alto, balançam os quadris como gangorras.
- Espia se ele está na esquina.
- Não está.
- Então está na Praça da República. Aqui tem muita gente mesmo.
- Que fiteiro!
O vestido de Carmela coladinho no corpo é de organdi verde. Braços nus, colo nu, joelhos de fora. Sapatinhos verdes. Bago de uva Marengo maduro para os lábios dos amadores.
- Ai que rico corpinho!
- Não se enxerga, seu cafajeste? Português sem educação!
Abre a bolsa e espreita o espelhinho quebrado, que reflete a boca reluzente de carmim primeiro, depois o nariz chumbeva, depois os fiapos de sobrancelha, por último as bolas de metal branco na ponta das orelhas descobertas.
Bianca por ser estrábica e feia é a sentinela da companheira.
- Olha o automóvel do outro dia.
- O caixa-d’óculos?
- Com uma bruta luva vermelha.
O caixa-d’óculos pára o Buick de propósito na esquina da praça.
- Pode passar.
- Muito obrigada.
Passa na pontinha dos pés. Cabeça baixa. Toda nervosa.
- Não vira para trás, Bianca. Escandalosa!
Diante de Álvares de Azevedo (ou Fagundes Varela) o Ângelo Cuoco de sapatos vermelhos de ponta afilada, meias brancas, gravatinha deste tamanhinho, chapéu à Rodolfo Valentino, paletó de um botão só, espera há muito com os olhos escangalhados de inspecionar a Rua Barão de Itapetininga.
- O Ângelo!
- Dê o fora.
Bianca retarda o passo.
Carmela continua no mesmo. Como se não houvesse nada. E o Ângelo junta-se a ela. Também como se não houvesse nada. Só que sorri.
- Já acabou o romance?
- A madama não deixa a gente ler na oficina.
- É? Sei. Amanhã tem baile na Sociedade.
- Que bruta novidade, Ângelo! Tem todo domingo. Não segura no braço!
- Enjoada!
Na Rua do Arouche o Buick de novo. Passa. Repassa. Torna a passar.
- Quem é aquele cara?
- Como é que eu hei de saber?
- Você dá confiança para qualquer um. Nunca vi, puxa! Não olha pra ele que eu armo já uma encrenca!
Bianca rói as unhas. Vinte metros atrás. Os freios do Buick guincham nas rodas e os pneumáticos deslizam rente à calçada. E estacam.
- Boa tarde, belezinha…
- Quem? Eu?
- Por que não? Você mesma…
Bianca rói as unhas com apetite.
- Diga uma cousa. Onde mora a sua companheira?
- Ao lado de minha casa.
- Onde é sua casa?
- Não é de sua conta.
O caixa-d’óculos não se zanga. Nem se atrapalha. É um traquejado.
- Responda direitinho. Não faça assim. Diga onde mora.
- Na Rua Lopes de Oliveira. Numa vila. Vila Margarida n.0 4. Carmela mora com a família dela no 5.
- Ah! Chama-se Carmela… Lindo nome. Você é capaz de lhe dar um recado?
Bianca rói as unhas.
- Diga a ela que eu a espero amanhã de noite, às oito horas, na rua… na…. atrás da Igreja de Santa Cecília. Mas que ela vá sozinha, hein? Sem você. O barbeirinho também pode ficar em casa.
- Barbeirinho nada! Entregador da Casa Clark!
- É a mesma cousa. Não se esqueça do recado. Amanhã, as oito horas, atrás da igreja.
- Vá saindo que pode vir gente conhecida.
Também o grilo já havia apitado.
- Ele falou com você. Pensa que eu não vi?
O Ângelo também viu. Ficou danado.
- Que me importa? O caixa-d’óculos disse que espera você amanhã de noite, às oito horas, no Largo Santa Cecília. Atrás da igreja.
- Que é que ele pensa? Eu não sou dessas. Eu não!
- Que fita, Nossa Senhora! Ele gosta de você, sua boba.
- Ele disse?
- Gosta pra burro.
- Não vou na onda.
- Que fingida que você é!
- Ciao.
- Ciao.
Antes de se estender ao lado da irmãzinha na cama de ferro Carmela abre o romance à luz da lâmpada de 16 velas: Joana a Desgraçada ou A Odisséia de uma Virgem, fascículo 2.0
Percorre logo as gravuras. Umas tetéias. A da capa então é linda mesmo. No fundo o imponente castelo. No primeiro plano a íngreme ladeira que conduz ao castelo. Descendo a ladeira numa disparada louca o fogoso ginete. Montado no ginete o apaixonado caçula do castelão inimigo de capacete prateado com plumas brancas. E atravessada no cachaço do ginete a formosa donzela desmaiada entregando ao vento os cabelos cor de carambola.
Quando Carmela reparando bem começa a verificar que o castelo não é mais um castelo mas uma igreja o tripeiro Giuseppe Santini berra no corredor:
- Spegni la luce! Subito! Mi vuole proprio rovinare questa principessa!
E – raatá! – uma cusparada daquelas.
- Eu só vou até a esquina da Alameda Glette. Já vou avisando.
- Trouxa. Que tem?
No Largo Santa Cecília atrás da igreja o caixa-d’óculos sem tirar as mãos do volante insiste pela segunda vez:
- Uma voltinha de cinco minutos só… Ninguém nos verá. Você verá. Não seja má. Suba aqui.
Carmela olha primeiro a ponta do sapato esquerdo, depois a do direito, depois a do esquerdo de novo, depois a do direito outra vez, levantando e descendo a cinta. Bianca rói as unhas.
- Só com a Bianca…
- Não. Para quê? Venha você sozinha.
- Sem a Bianca não vou.
- Está bem. Não vale a pena brigar por isso.
- Você vem aqui na frente comigo. A Bianca senta atrás.
- Mas cinco minutos só. O senhor falou…
- Não precisa me chamar de senhor. Entrem depressa.
Depressa o Buick sobe a Rua Viridiana.
Só pára no Jardim América.
Bianca no domingo seguinte encontra Carmela raspando a penugenzinha que lhe une as sobrancelhas com a navalha denticulada do tripeiro Giuseppe Santini.
- Xi, quanta cousa pra ficar bonita!
- Ah! Bianca, eu quero dizer uma cousa pra você.
- Que é?
- Você hoje não vai com a gente no automóvel. Foi ele que disse.
- Pirata!
- Pirata por quê? Você está ficando boba, Bianca.
- É. Eu sei porquê. Piratão. E você, Carmela, sim senhora! Por isso é que o Ângelo me disse que você está ficando mesmo uma vaca.
- Ele disse assim? Eu quebro a cara dele, hein? Não me conhece.
- Pode ser, não é? Mas namorado de máquina não dá certo mesmo.
Saem à rua suja de negras e cascas de amendoim. No degrau de cimento ao lado da mulher Giuseppe Santini torcendo a belezinha do queixo cospe e cachimba, cachimba e cospe.
- Vamos dar uma volta até a Rua das Palmeiras, Bianca?
- Andiamo.
Depois que os seus olhos cheios de estrabismo e despeito vêem a lanterninha traseira do Buick desaparecer, Bianca resolve dar um giro pelo bairro. Imaginando cousas. Roendo as unhas. Nervosissima.
Logo encontra a Ernestina. Conta tudo ã Ernestina.
- E o Ângelo, Bianca?
- O Ângelo? O Ângelo é outra cousa. E pra casar.

- Há!…

Gaetaninho 



“- Xi, Gaetaninho, como é bom!
Gaetaninho ficou banzando bem no meio da rua. O Ford quase o derrubou e ele não viu o Ford. O carroceiro disse um palavrão e ele não ouviu o palavrão.
- Eh! Gaetaninho Vem pra dentro.
Grito materno sim : até filho surdo escuta. Virou o rosto tão feio de sardento, viu a mãe e viu o chinelo.
- Subito!
Foi-se chegando devagarinho, devagarinho. Fazendo beicinho. Estudando o terreno. Diante da mãe e do chinelo parou. Balançou o corpo. Recurso de campeão de futebol. Fingiu tomar a direita. Mas deu meia volta instantânea e varou pela esquerda porta adentro.
Eta salame de mestre!
Ali na Rua Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho.
O Beppino por exemplo. O Beppino naquela tarde atravessara de carro a cidade. Mas como? Atrás da Tia Peronetta que se mudava para o Araçá. Assim também não era vantagem.
Mas se era o único meio? Paciência.
Gaetaninho enfiou a cabeça embaixo do travesseiro.
Que beleza , rapaz! Na frente quatro cavalos pretos empenachados levavam a Tia Filomena para o cemitério. Depois o padre. Depois o Savério noivo dela de lenço nos olhos. Depois ele. Na boléia do carro. Ao lado do cocheiro. Com a roupa marinheira e o gorro branco onde se lia: ENCOURAÇADO SÃO PAULO.
Não. Ficava mais bonito de roupa marinheira mas com a palhetinha nova que o irmão lhe trouxera da fábrica. E ligas pretas segurando as meias. Que beleza, rapaz! Dentro do carro o pai, os dois irmãos mais velhos (um de gravata vermelha, outro de gravata verde) e o padrinho Seu Salomone. Muita gente nas calçadas, nas portas e nas janelas dos palacetes, vendo o enterro. Sobretudo admirando o Gaetaninho.
Mas Gaetaninho ainda não estava satisfeito. Queira ir carregando o chicote. O desgraçado do cocheiro não queria deixar. Nem por um instantinho só.
Gaetaninho ia berrar mas a Tia Filomena com mania de cantar o “Ahi, Mari!” todas as manhãs o acordou.
Primeiro ficou desapontado. Depois quase chorou de ódio. Tia Filomena teve um ataque de nervos quando soube do sonho de Gaetaninho. Tão forte que ele sentiu remorsos. E para sossego da família alarmada com o agouro tratou logo de substituir a tia por outra pessoa numa nova versão de seu sonho. Matutou, matutou, e escolheu o acendedor da Companhia de Gás, seu Rubino, que uma vez lhe deu um cocre danado de doído.
Os irmãos (esses) quando souberam da história resolveram arriscar de sociedade quinhentão no elefante. Deu a vaca. E eles ficaram loucos de raiva por não haverem logo adivinhado que não podia deixar de dar a vaca mesmo.
O jogo na calçada parecia de vida ou morte. Muito embora Gaetaninho não estava ligando.
- Você conhecia o pai do Afonso, Beppino?
- Meu pai deu uma vez na cara dele.
- Então você não vai amanhã no enterro. Eu vou!
O Vicente protestou indignado:
- Assim não jogo mais ! O Gaetaninho está atraplhando!
Gaetaninho voltou para o seu posto de guardião. Tão cheio de responsabilidades.
O Nino veio correndo com a bolinha de meia. Chegou bem perto. Com o tronco arqueado, as pernas dobradas, os braços estendidos, as mãos abertas, Gaetaninho ficou pronto para a defesa.
- Passa pro Beppino!
Beppino deu dois passos e meteu o pé na bola. Com todo o muque. Ela cobriu o guardião sardento e foi parar no meio da rua.
- Vá dar tiro no inferno!
- Cala a boca, palestrino!
- Traga a bola!
Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou.
No bonde vinha o pai de Gaetaninho.
Agurizada assustada espalhou a notícia na noite.
- Sabe o Gaetaninho?
- Que é que tem?
- Amassou o bonde!
A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras.
Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boléia de nenhum dos carros do acompanhamento. Lá no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas não levava a palhetinha.
Quem na boléia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente era o Beppino.”

POEMAS


SAUDADE


Por que sinto falta de você? Por que está saudade?
Eu não te vejo mas imagino suas expressões, sua voz teu cheiro.
Sua amizade me faz sonhar com um carinho,
Um caminhar, a luz da lua, a beira mar.
Saudade este sentimento de vazio que me tira o sono 
me fazendo sentir num triste abandono, é amizade eu sei, será amor talvez...
Só não quero perder sua amizade, esta amizade... 
Que me fortalece me enobrece por ter você.




Livros e flores



Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?

Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?




Círculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

- Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna á gótica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:

- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:

- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque não nasci eu um simples vaga-lume?

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

OBRAS DE ALCÂNTARA MACHADO










Pathé Baby, romance, 1926


Capa do livro
























Sinopse - 

Pathé-Baby - Antônio de Alcântara Machado

Coletânea de crônicas publicada em 1926 referente à viagem que o autor havia feito no ano anterior à Europa, invertendo o sinal com que até então os brasileiros apreciavam o Velho Mundo: a cada cidade visitada, uma crônica irônica e demolidora. O texto é de um sabor ímpar, bem ao estilo que consagrou Alcântara Machado, e a ironia final fica por conta de uma "moralidade" que dialoga com nossa tradição romântica.



Brás, Bexiga e Barra Funda, contos, 1928


Capa do livro


















Sinopse -


Brás, Bexiga e Barra Funda - Antônio de Alcântara Machado

Brás, Bexiga e Barra Funda é um livro de contos que aborda o cotidiano das famílias de imigrantes italianos na cidade de São Paulo. Trata-se da obra mais conhecida do escritor Antônio Castilho de Alcântara Machado d’Oliveira (1901-1935). Filho de importante família paulista, Alcântara Machado formou-se em direito e exerceu a profissão de jornalista. Faleceu prematuramente, quando já ensaiava os primeiros passos de uma carreira política promissora. Legou uma obra literária modernista em que se sobressaem justamente os contos.



Laranja da China, contos, 1929


Capa do livro



















Sinopse - 


Brás, Bexiga E Barra Funda - Laranja Da China - Antonio De Alcantara Machado


Seus contos refletem a integração do imigrante italiano em São Paulo. São escritos em lingua-gem peculiar, marcada pelo vocabulário ítalo-brasileiro, com registros históricos da cidade de São Paulo da década de trinta. É uma viagem ao tempo, um reencontro com Arouche, com a rua Barão de Itapetininga, com o Brás, o Bexiga, a Lapa e o centro da velha São Paulo, já grande e dinâmica, mas ainda sem violências e sem medo, ainda romântica, ainda da garoa. 




Mana Maria, romance, 1936, póstuma



Capa do livro


















Sinopse -


Mana Maria - Antônio de Alcântara Machado

Mana Maria é uma mulher solteira que reprimiu seus sonhos, desejos e aspirações em nome de uma rotina aniquilante que envolve os cuidados com a casa e a família. Como em todos os trabalhos de Alcântara Machado, em Mana Maria encontramos seu inconfundível traço vanguardista, na reprodução dos tipos e da linguagem do povo da São Paulo dos anos 1930, que assumia os primeiros contornos de metrópole industrial.


Cavaquinho e Saxofone, ensaio, 1940, póstuma